Esse artigo foi originalmente escrito por Jill Cook (veja clicando aqui), uma das maiores pesquisadoras do mundo sobre dor no tendão. Decidi utilizá-lo para que vocês leitores possam tirar algumas dúvidas comuns. Mais do que isso, para aprenderem a identificar abordagens prejudiciais ao tendão lesionado.
Entretanto, antes de revelar as 10 contra-indicações mais importantes no tratamento dessa condição, preciso fazer algumas reflexões. Veja abaixo:
Nem toda dor no tendão é um sinal de que o problema de fato está no tendão. É isso mesmo que você leu. Existem outras causas de dor no tendão, locais e não locais.
É provável que você tenha alterações em diversos tendões do corpo e não apresente sintomas (veja uma postagem em que escrevi sobre esse assunto clicando aqui)
A única forma de saber se o tendão realmente é a causa da dor e não apenas a vítima é através de uma boa avaliação clínica. Após identificada a causa, o tratamento deve considerar o estágio e as características da lesão, assim como os fatores de risco do próprio paciente ou da atividade que ele pratica. O paciente deve ser educado sobre a natureza do problema, fatores agravantes e aliviadores, assim como sobre o seu prognóstico.
Saber o que não fazer não é o suficiente para lidar com a dor de forma resolutiva. Mas é o bastante para minimizar as chances de uma má recuperação. Portanto, veja o que não fazer se você tiver uma dor relacionada ao próprio tendão:
1. Repouso absoluto
O repouso causa diminuição da capacidade do tendão de receber cargas. Também afeta os músculos inseridos no tendão. Por outro lado, você não deve ignorar a dor. Procure reduzir a demanda à um nível que o tendão tolere e aumente-a gradativamente
2. Receber tratamentos passivos
Tratamentos que não têm o objetivo de aumentar a capacidade do tendão de receber carga geralmente não são úteis à longo prazo, apesar de alguns deles trazerem alívio temporário.
3. Receber injeções
Injeções no tendão não tem se mostrado eficientes em estudos científicos de boa qualidade. Não devem ser utilizadas, a não ser que um bom programa de exercícios não atinja o resultado esperado. 4. Ignorar a dor
Dor que aumenta com exercício ou que permanece após a atividade não deve ser ignorada. Pode ser um sinal de que a demanda esteja muito alta para o tendão naquele momento (clique aqui para saber mais).
5. Alongar o tendão
O alongamento aumenta as cargas compressivas em boa parte dos tendões. Esse tipo de carga pode ser prejudicial. Massagens no músculo e liberações miofasciais podem ser alternativas para relaxar a musculatura.
6. Massagear o tendão
Um tendão dolorido pode ser um aviso de sobrecarga e irritação do tecido. Portanto, massagear o tendão pode aumentar a sua sensibilidade às atividades, mesmo em situações em que ela promova alívio temporário em repouso.
7. Se preocupar com as imagens do seu tendão
Como já foi falado anteriormente, as imagens de ressonância magnética e ultrassom pode ser preocupantes, principalmente se o profissional da saúde reforçar termos como degeneração e rupturas. Entretanto, há boa evidência científica de que tendões patológicos podem tolerar cargas (stress mecânico), principalmente se elas forem gradativamente aumentadas. 8. Se preocupar com uma ruptura
A dor é um guia que te ajuda a proteger o tendão de cargas excessivas. A maioria das pessoas que romperam um tendão nunca tiveram dor antes, apesar de já apresentarem patologia significativa.
9. “Pegar atalhos” na recuperação
O tendão leva tempo para se fortalecer e se capacitar novamente. Apesar de demorado (normalmente mais de 3 meses), o prognóstico é bom se você se reabilitar corretamente. “Fórmulas mágicas” que prometem resolução rápida, frequentemente trazem alívio temporário, mas a dor retorna quando as cargas são impostas novamente.
10. Desconhecer o que são altas cargas para o seu tendão
Cargas consideradas altas para o tendão envolvem arrancadas e saltos. Qualquer carga que não envolva esses movimentos são consideradas baixas para o tendão. Ou seja, exercícios de fortalecimento e com baixa velocidade são seguros, além de serem beneficiais também para os músculos.
Se surpreendeu com algumas das dicas? Você não é o único! Apesar de todas essas recomendações serem validadas pela literatura científica há alguns anos, acredito que muitos pacientes e profissionais ainda desconhecem essas informações. Me ajude a mudar esse cenário e compartilhe com quem precisa saber disso!